Capa 2009 |
Título: O Silmarillion
Autor (a): J.R.R. Tolkien, organizado por Christopher Tolkien e Guy Graviel Kay
Editora: Martins Fontes
Coleção/Série: -
Período de Publicação: 1999, 2006 a 2009
Arte da Capa: John Howe (2009)
Ilustrador (a): -
Número de Páginas: 480 (1999) e 460 (2009)
ISBN: 85-336-1165-X (1999), 85-336-1331-8 (2006), 978-85-336-2394-1 (2007) e 978-85-7827-126-8 (2009)
Tradutor (a): Waldéa Barcellos
Título Original: The Silmarillion
Ano da Primeira Edição: 1977
País: Inglaterra
Público: Adulto
Gênero Literário: Romance
Tema: Fantasia, Seres e Monstros Mitológicos, Magia
Capa 1999 a 2008 |
Sinopse:
Nos Dias Antigos da Primeira Era, Fëanor, o mais talentoso artífice dos elfos, cria as Silmarils, três jóias perfeitas nas quais está contida parte da luz das Árvores de Valinor, o Reino Abençoado. Morgoth, o Senhor do Escuro, rouba as Silmarils e se refugia em sua fortaleza de Angband, no norte da Terra-média. Para recuperá-las, os altos-elfos travam uma guerra prolongada e sem esperanças contra o poderoso inimigo.
O Silmarillion descreve acontecimentos da Primeira Era da Terra-média, e é dividida em cinco partes: Ainulindalë (A música dos Ainur), que fala sobre a criação de Eä, o mundo por Ilúvatar; a Valaquenta (Relato dos Valar), fala sobre a natureza e as atribuições dos Valar e os Maiar, os seres poderosos que moldaram o mundo, bem como a relação destes com Morgoth, o Inimigo, e seu servo Sauron; o Quenta Silmarillion (A História das Silmarils), relata a criação e o roubo das Silmarils, que provocou a guerra dos elfos contra Morgoth; Akallabèth (A Queda de Númeror), fala sobre o esplendor dos humanos do reino de Númenor (Os Dúnedain) e sua queda, causada pelo orgulho de seus habitantes e pelas mentiras de Sauron, o Senhor do Escuro; e, finalmente, Dos Anéis de Poder e da Terceira Era, conta brevemente como Sauron criou os Anéis do Poder num plano para estender seu domínio na Terra-média e como os Povos Livres, ajudados pelos Istari (os Magos) puderam resistir ao poder do Senhor do Escuro e destruí-lo (esse relato é detalhado pelo autor na trilogia O Senhor dos Anéis).
Leia a sinopse das cinco partes do livro abaixo:
Ainulindalë (A música dos Ainur): descreve a criação do mundo por Eru Ilúvatar, o Criador. Eru Ilúvatar vivia sozinho nas Mansões Eternas de Eä, o Universo. De seu pensamento ele criou os Ainur, criaturas espirituais, equivalente a anjos. Os Ainur eram cantores que cantavam sozinhos ou em pequenos grupos, pois de início só compreendiam a parte da mente de Eru da qual tinham sido criados. Mas eles passaram a se tornar mais harmoniosos, passaram a compreender os outros Ainur, e então Eru Ilúvatar reuniu todos eles diante de si e propôs um tema. Os Ainur deveriam ornamentar este tema, fazendo uma Música, chamada de Ainulindalë, a Música dos Ainur. Eles assim fizeram mas então um dos Ainur, o mais poderoso deles, chamado Melkor, provocou uma dissonância, almejando fazer uma música própria, mas sua música era repetitiva e cansativa, e alguns dos Ainur próximos a ele começaram a desviar-se do propósito inicial de Eru, e assim a dissonância foi se espalhando, até que Eru se levantou do trono, sorrindo, e ergueu a mão esquerda, sugerindo um novo tema. Novamente Melkor entrou em dissonância com a Música, até que Eru ergueu a mão direita, com uma expressão severa e um terceiro tema surgiu, mas a música fútil de Melkor continuava e então Eru, com uma expressão terrível, ergueu as duas mãos e a Música cessou. Eru então, para mostrar a Melkor que nenhuma música seria tocada sem ter nele próprio a fonte mais remota, desnudou diante dos Ainur a visão que, ornamentando os Temas de Eru, eles tinham tido ao cantarem. E eles viram, dentro do Vazio, um globo, Arda, a Terra, que surgira na Música, e ela era linda, e eles viram os esplendorosos Filhos de Eru. E Eru então fez com que toda a visão se tornasse realidade, dizendo "Eä! Que essas coisas Existam!".
Valaquenta (O relato dos Valar): descreve que alguns dos Ainur se enamoraram de Arda, a Terra, e puderam descer para lá, pois a visão ainda não era plenamente concreta: seriam eles que teriam de trabalhar para que assim fosse. Eles teriam que organizar e governar Eä em nome de Eru Ilúvatar. Os Ainur que desceram a Eä eram chamados de Valar. Com eles desceram outros espíritos inferiores, auxiliares e criados dos Valar, chamados de Maiar. Iniciou-se assim o governo dos Valar na Terra. Melkor, o Ainur da música futil, desceu junto, e secretamente cobiçava a Terra; e tudo que os outros Valar faziam, ele desfazia, e os outros se exauriam em reparar os danos. Esse foi o início da Terra e da História dos Valar como seus governantes.
Quenta Silmarillion (A história das Silmarils): relata o que aconteceu na Terra antes e durante a Primeira Era. A história da Terra está dividia em três períodos de tempo, conhecidos como os Anos das Lâmpadas, os Anos das Árvores e os Anos do Sol. Os Anos do Sol são posteriormente subdivididos em Eras. Os Anos das Lâmpadas começaram pouco após a criação de Arda pelos Valar. Os Valar criaram duas lâmpadas para iluminar o mundo, e o Valar chamado Aulë construiu duas grandes torres, uma no norte longínquo, e outra no sul mais profundo. Os Valar viviam no meio, na ilha de Almaren. A destruição das duas lâmpadas por Melkor marcou o final dos Anos das Lâmpadas. Então, a Valar Yavanna criou as Duas Árvores, chamadas Telperion e Laurelin na terra de Aman. As Árvores iluminavam Aman, deixando a Terra Média no crepúsculo. Os elfos acordaram perto do lago Cuiviénen, a leste da Terra Média, e foram rapidamente abordados pelos Valar. Muitos dos elfos foram persuadidos a continuar a Grande Viagem em direção ao Ocidente para Aman, mas nem todos eles terminaram a viagem. Entre os elfos havia o rei Finwë, que tinha dois filhos, os príncipes elfos Fëanor e Fingolfin. Fëanor, criou as Silmarils, que são três jóias, a partir da luz produzida pelas Duas Árvores. Nessa época os Valar capturaram Melkor, mas ele parecia arrependido e foi libertado. Semeou grande discórdia entre os elfos, e provocou rivalidades entre os príncipes Fëanor e Fingolfin. Depois, assassinou o pai de ambos, o rei Finwë, e roubou os Silmarils, três gemas forjadas por Fëanor que continham a luz das Duas Árvores, do seu cofre, e destruiu ele próprio as Árvores, deixando o mundo em grande escuridão. Fëanor e os da sua casa saíram para perseguir Melkor em Beleriand, amaldiçoando-o com o nome de Morgoth (O Inimigo Negro). Seguiu-se um exército maior, liderado por Fingolfin. Alcançaram a cidade portuária dos Teleri, Alqualondë, mas os Teleri recusaram-se a dar-lhes navios para alcançar a Terra Média. Seguiu-se a primeira Matança entre famílias. O exército de Fëanor partiu nos navios roubados, deixando Fingolfin para trás, para se dirigir à Terra Média através do implacável Helcaraxë (ou gelo tormentoso) no norte longínquo. Subsequentemente, Fëanor foi assassinado, mas a maior parte dos seus filhos sobreviveram e fundaram reinos, tal como Fingolfin e seus filhos. A Primeira Era dos Anos do Sol começou quando os Valar fizeram o Sol e a Lua a partir dos últimos fruto e flor das Árvores moribundas. Depois de várias grandes batalhas, a Longa Paz durou centenas de anos, durante os quais os homens chegaram às Montanhas Azuis. Mas um por um, os reinados élficos tombaram, até mesmo a cidade escondida de Gondolin. No final da era, tudo o que restava dos elfos e homens livres era uma povoação na boca do Rio Sirion. Entre eles estava Eärendil,cuja esposa Elwing possuía um Silmaril que os seus avós Beren e Lúthien tinham recuperado da coroa de Morgoth. Mas os Fëanorianos tentaram reivindicar a posse do Silmaril à força, levando a outra matança entre famílias. Eärendil e Elwing levaram o Silmaril através do Grande Mar, e imploraram aos Valar perdão e ajuda. Eles responderam. Melkor foi exilado para o vácuo e a maior parte das suas obras destruídas. Isto foi conseguido com grande custo, porque a própria Beleriand, a Terra-Média, foi destruída e começou a afundar-se sob o mar.
Akallabêth (A queda de Númenor): descreve a vida na ilha de Numenor na Segunda Era. A ilha foi erguida do mar pelo Vala Ulmo como um presente para os Edain, os Pais dos Homens, que lutaram junto dos Elfos contra Morgoth na Guerra das Jóias, a Guerra da Ira. No início da Segunda Era a maior parte dos Edain que sobrevivera à Guerra foi para a ilha em barcos construídos pelos elfos. Assim que foi estabelecido, o Reino de Númenor passou a ser governado pelo rei Elros, o Meio-elfo, filho do marinheiro Eärendil e irmão de Elrond. Sob seu governo e de seus descendentes, os númenorianos tornaram-se um povo poderoso. Os Valar, no entanto, proibiram os númenorianos de navegar muito para Oeste, Númenor não poderia desaparecer no horizonte. Os Valar assim proibiram por medo de que eles pisassem nas Terras Imortais, cuja presença não era permitida a humanos. O vigésimo quinto rei, Ar-Pharazôn, navegou até a Terra-média, e, vendo o poder de Númenor, as hostes de Sauron, o servo de Morgoth, fugiram, mas ele se rendeu sem resistência. Foi levado a Númenor como prisioneiro, mas logo tornou-se conselheiro do rei, apresentando-se em uma forma bela que posteriormente ele não conseguiria mais assumir. Prometeu imortalidade aos númenorianos desde que estes fizessem cultos de adoração a Melkor, o Primeiro Senhor do Escuro, mestre de Sauron. Ar-Pharazôn, ludibriado por Sauron, ergueu um templo de adoração a Melkor, no qual oferecia sacrifícios humanos. Temendo a morte, e também sob os conselhos de Sauron, Ar-Pharazôn construiu uma grande armada, e partiu em direção a Oeste para abrir guerra contra os Valar e tomar as Terras Imortais, alcançando a imortalidade. Sauron ficou em Númenor, rindo da tolice dos humanos. Ar-Pharazôn assim pôs os pés nas praias das Terras Imortais, mas os Valar eram proibidos de tomar uma providência direta contra os humanos, e consta que Manwë, rei dos Valar, pediu a intervenção de Eru Ilúvatar, o Deus Supremo. Foi assim que Eru intercedeu, removendo para sempre as Terras Imortais dos Círculos do Mundo. Númenor foi arrebatada por um cataclismo, afundando no mar, matando seus habitantes, fossem qual fossem, e o corpo de Sauron foi destruído, mas seu espírito sobreviveu, e ele a partir de então só pode assumir formas terríveis. Com o efeito da Queda de Númenor, chamada de Akallabêth, a Queda, o Mundo, que antes era plano, se arredondou, tornando-se um globo. As Terras Imortais agora só eram acessíveis a elfos que, em barcos especiais, seguiam pela Rota Plana, o único caminho que restara para lá.
Dos Anéis do Poder e da Terceira Era: descreve a criação dos Anéis do Poder ao fim da Terceira Era. Depois da queda de Morgoth, Sauron implorou pelo perdão dos Valar, mas fugiu depois de recusar submeter-se a julgamento. Durante a Segunda Era, ele voltou à cena, apresentando-se numa bela forma, com o nome de Annatar (Senhor dos Presentes), aos líderes dos Eldar que restaram na Terra-média, oferecendo sua ajuda. Galadriel, Gil-galad e Círdan não confiavam nele, mas ainda assim Annatar foi recebido pelos artífices de Eregion, ávidos por aumentar seus conhecimentos e técnicas. Os Anéis do Poder começaram então a serem forjados na Segunda Era. Os Sete e os Nove foram forjados pelos elfos com assistência direta de Sauron. Os Três, os maiores dentre os Anéis Élficos, foram forjados por Celebrimbor, neto de Fëanor e chefe dos artíficies de Eregion. Ele os fez sem ajuda direta de Sauron. Sauron forjou por último o seu Anel, o Um Anel ou Anel Governante. Ele o fez secretamente, no fogo da Montanha da Perdição, colocando dentro dele uma parcela de seu poder. Seu propósito era dominar todos os outros Anéis, abrindo assim a porta do pensamento e das vontades daqueles que os usavam para sua visão e controle. Entretanto, tão logo Sauron colocou seu Anel, os Elfos imediatamente perceberam sua presença e sua intenção, e esconderam os Três. Cerca de 90 anos depois, Sauron invadiu e conquistou Eregion, antes de conseguir o domínio de quase toda Eriador. Celebrimbor foi capturado e torturado para denunciar o paradeiro dos Sete e dos Nove, mas morreu sem revelar onde os Três estavam escondidos. Sauron roubou os Sete e os Nove, distribuindo-os aos líderes dos Anões e dos Humanos, respectivamente.
Outras Informações:
Os primeiros esboços de O Silmarillion datam do início de 1925, quando Tolkien escreveu um esboço da mitologia. No entanto, o conceito dos personagens, temas e histórias específicas já haviam sido desenvolvidas em 1914 quando Tolkien, então um oficial britânico que retornou da França durante a Primeira Guerra Mundial, estava numa cama sofrendo de Febre das Trincheiras. Àquela época, ele chamou sua coleção de histórias de The book of lost tales (O livro dos contos perdidos). Muitos anos depois da guerra, encorajado pelo sucesso de The Hobbit or there and back again (O hobbit no Brasil), Tolkien enviou uma versão incompleta porém mais desenvolvida de O Silmarillion para seu editor, mas ele rejeitou o trabalho por ser muito obscuro e "demasiadamente celta". Ele então pediu a Tolkien que ao invés disso, fizesse uma continuação para The Hobbit or there and back again. Tolkien começou a trabalhar num texto chamado A long expected party (Uma festa muito esperada) o primeiro capítulo do que ele escreveu na época como “uma nova estória sobre hobbits”, o que posteriormente acabou virando a trilogia The Lord of the Rings (O Senhor dos Anéis, no Brasil).
No fim da década de 1950 ele começou novamente a trabalhar em O Silmarillion, mas muito de seu trabalho era relacionado a assuntos teológicos e filosóficos mais do que com a narrativa. Durante esse tempo ele escreveu muito sobre estes tópicos, como o surgimento do mal em Arda, a origem dos Orcs, o costume dos Elfos e sua imortalidade, e com o Mundo Plano, e com a história do Sol e da Lua. Por esses tempos, sérias dúvidas o acometeram sobre alguns aspectos fundamentais do trabalho, e ele voltou às versões mais antigas das histórias, e parece que ele sentiu que devia solucionar esses problemas antes de publicar a versão final. Mas Tolkien morreu antes de concluir esse seu trabalho.
O Silmarillion, juntamente com outras coletâneas dos trabalhos de Tolkien, como Unfinished tales (1980, Contos inacabados de Númenor e da Terra-Média, no Brasil), The adventures of Tom Bombadil and other verses from the Red Book (1962, As aventuras de Tom Bombadil) e The children of Húrin (2007, Os filhos de Húrin, no Brasil) (2007), formam uma grande, porém incompleta, narrativa do universo da Terra-média que servem como complemento e explicações adicionais sobre o mundo criado por Tolkien para The hobbit or there and back again (1937, O hobbit, no Brasil) e para a trilogia The Lord of the Rings (O Senhor dos Anéis, no Brasil), formado pelos livros The fellowship ot the Ring (1954, A Sociedade do Anel, no Brasil), The two towers (1954, As duas torres, no Brasil) e The return of the king (1955, O retorno do rei, no Brasil).
As cinco partes que compõem o Silmarillion eram, inicialmente, trabalhos separados, mas foi um desejo que Tolkien expressou, já idoso, de que eles fossem publicados juntos. Devido à morte de J.R.R. Tolkien antes de terminar de revisar as várias lendas que criou, Christopher Tolkien, seu filho, com a ajuda de Guy Graviel Kay, juntou o antigo material escrito de seu pai para preencher o livro. Em alguns casos, isso significa que ele teve de criar material completamente novo para preencher as lacunas e incoerências na narrativa.
Em 1995, os autores russos N. Vassilyeva e N. Nekrasova publicou o livro Черная Книга Арды (O livro negro de Varda), que é um romance baseado em O Silmarillion. Como foi publicado sem permissão dos executores do espólio de Tolkien, violando a lei do copyright geralmente não é encontrado fora da Rússia, e mesmo a versão inglesa não se sabe se existe. A representação dos personagens estão geralmente diferente dos escritos do próprio Tolkien, e por isso pode ser considerado um fan-fiction. O livro teve duas sequências: Исповедь стража (2000, Confissões de uma sentinela) e Великая игра (2008, O grande jogo).
Em 1998, a banda alemã de rock progressivo Blind Guardian lançou o disco Nightfall in Middle-Earth, um álbum conceitual baseado em O Silmarillion. O álbum não contém apenas canções, mas também trechos em que os músiscos narram partes do livro. A banda austríaca Summoning também lançou discos conceituais com base no livro de Tolkien. A música Beleriand, da banda australiana The Middle East, incorporou muitos elementos de Silmarillion. A banda britânica de rock progressivo Marillion, formada em 1979, usava o nome Silmarillion, mas encurtou o nome em 1981 para evitar qualquer conflito de direitos autorais.
Texto da Contracapa:
Edição de 1999
Quando O Senhor dos Anéis foi publicado, as histórias de O Silmarillion já existiam em suas versões iniciais, escritas em velhos cadernos, muitas vezes às pressas e a lápis. Tolkien trabalhou nesses textos ao longo de toda a sua vida, tornando-os veículo e registro de suas reflexões mais profundas. O Silmarillion relata lendas de um passado remoto, ligadas às Silmarils, três gemas perfeitas criadas por Fëanor, o mais talentoso dos elfos. Morgoth, o Senhor do escuro, que habitava a Terra-média, roubou essas pedras preciosas e as engastou em sua coroa de ferro. Para recuperá-las, os altos-elfos travaram uma guerra prolongada e sem esperanças contra o grande Inimigo.
Edição de 2009
O Silmarillion, publicado quatro anos após o falecimento do seu autor, é um relato dos Dias Antigos, a Primeira Era do Mundo. Em O Senhor dos Anéis, foram narrados os grandes eventos do final da Terceira Era; as histórias de O Silmarillion, no entanto, são lendas derivadas de um passado muito mais remoto, quando Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro, habitava a Terra-média, e os altos-elfos guerrearam com ele pela recuperação das Silmarils.
Mas O Silmarillion não relata apenas os eventos de uma época muito anterior àquela de O Senhor dos Anéis, em todos os pontos essenciais de sua concepção, ele também é, de longe, a obra mais antiga. Na realidade, embora na época não se chamasse O Silmarillion, ele já existia meio século antes. Em cadernos velhíssimos, que remontam a 1917, podem ser lidas as versões iniciais das histórias mais importantes da mitologia, muitas vezes escritas às pressas, a lápis.
SOBRE O AUTOR:
John Ronald Reuel Tolkien nasceu em 3 de janeiro de 1892, na cidade de Bloemfontein, na África do Sul. Aos três anos, ele mudou-se com a sua mãe, Mabel Suffield, dona de casa, e com o seu irmão, Hilary Arthur Reuel Tolkien, para a Inglaterra, onde pretendiam passar apenas uma temporada devido a questões de saúde de Mabel e dos seus filhos, mas devido à morte de seu pai, eles ali permaneceram por toda a vida. O pai, Arthur Tolkien, um bancário que trabalhava para o Bank of África, contraiu febre reumática e morreu em 1896 na África do Sul, antes de juntar-se à família, e foi enterrado na própria África. Em 1900 a situação financeira da família complicou-se. Mabel Suffield fazia parte da Igreja Anglicana, e quando tornou-se católica, sua família cortou a ajuda financeira que lhe dava, e assim ela morreu, por diabetes, sem tratamento na época. Tolkien, que considerava esse fato um sacrifício da mãe em nome da fé, converteu-se ao Catolicismo. Tolkien e seu irmão foram entregues então aos cuidados do Padre jesuíta Francis Xavier Morgan, que Tolkien mais tarde descreveu como um segundo pai, e aquele que lhe ensinara o significado da caridade e do perdão. Conheceu Edith Bratt em 1908, quando ele e seu irmão Hilary foram alojados no mesmo local que a jovem, três anos mais velha, e os dois começam a namorar escondido. Entretanto, seu tutor, o Padre Francis Morgan, descobriu a situação e, acreditando que este relacionamento fosse prejudicar a educação do rapaz, proibiu-o de vê-la até que completasse vinte e um anos, quando Tolkien alcançaria a maioridade. Na noite do seu vigésimo primeiro aniversário, em 1914, Tolkien escreveu a Edith, e convenceu-a a casar-se com ele, apesar de ela já estar comprometida, e também converteu-a ao catolicismo. Desde pequeno fascinado pela lingüística, a partir de 1908 cursou a faculdade de Letras em Exeter. Em 1916, Tolkien foi convocado para a Primeira Guerra Mundial, sobrevivendo à Batalha do Somme, uma mal-sucedida incursão na França e Bélgica onde morreram mais de 500 mil combatentes. Em 1917 nasceu o seu primeiro filho, John Francis Reuel Tolkien (1917-2003, padre) e no ano seguinte, depois de contrair tifo, J.R.R.Tolkien foi enviado de volta à Inglaterra. Foi neste período que iniciou o The book of lost tales (Livros do contos perdidos), que mais tarde converteu-se em The Silmarillion (O Silmarillion), em 1919 quando ele retornou a Oxford. Depois do fim da guerra Tolkien dedicou-se ao trabalho acadêmico como professor, tornando-se um grande e respeitado filólogo. Em 1920, nasceu seu segundo filho, Michael Reuel Tolkien (1920-1980) e em 1924, o terceiro, Christopher John Reuel Tolkien (1924-xxxx). Em 1925, Tolkien Tolkien publicou seu primeiro livro, Sir Gawain & the Green Knight, em co-autoria com E. V. Gordon. Em 1929, nasceu seu quarto filho, a garota Priscilla Anne Reuel Tolkien (1929-xxxx). baseado em lendas do folclore inglês. A idéia de seu primeiro grande sucesso, The hobbit (O hobbit), surgiu em 1928, enquanto Tolkien examinava documentos de alunos que queriam ingressar na Universidade, mas abandonou a escrita do livro pela metade. Tolkien emprestou o manuscrito incompleto para a Reverenda Madre de Cherwell Edge na época, quando esta estava doente, e ele foi visto por Susan Dagnall, uma bacharel de Oxford , que trabalhava para a editora Allen & Unwin e analisado depois por Rayner Unwin (filho do dono da editora) que ficou maravilhado pela história. Dagnall ficou tão encantada com o material que encorajou Tolkien para que ele terminasse o livro, publicando-o então em 1937. Após isso, em 1954, ele publicaria uma sequência para The hobbit, o livro The Fellowship of Ring (A Sociedade do Anel), o primeiro de uma trilogia chamada The Lord of the Rings (O Senhor dos Anéis), que se tornou seu maior sucesso. Em 1972, J. R. R. Tolkien recebeu o Doutorado Honorário em Letras da Universidade de Oxford, e conseguiu seu último e mais importante título: a Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II, uma das maiores honras britânicas, passando a ser Sir. No dia 28 de agosto de 1973 Tolkien sentiu-se mal durante uma festa, e na manhã do outro dia foi internado, com úlcera e hemorragia. No sábado descobriu-se uma infecção no peito. Aos 81 anos de idade, então, nas primeiras horas do domingo de 2 de setembro de 1973, J. R. R. Tolkien morreu em Bournemouth, cidade da Inglaterra, sendo enterrado no mesmo túmulo em que estava sua esposa, no Cemitério de Wolvercote.
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