Francisco Molnar (Ferenc Molnár) - OS MENINOS DA RUA PAULO (Editora Saraiva, Coleção Saraiva)



Título: Os Meninos da Rua Paulo
Autor (a): Francisco Molnar (Ferenc Molnár) [lista]
Editora: Saraiva
Coleção: Saraiva (Nº 54) [lista]
Período de Publicação: 1952 
Número de Páginas/Capítulos: 189 páginas
ISBN: -
Arte da Capa: Nico Rosso
Ilustrador (a): (Não há)
Tradutor (a): Paulo Rónai, revisão de Aurélio Buarque de Holanda 
Edição Original: A Pál utcai fiúk, 1907, Hungria (Império Austro-Húngaro)
Edições: 1ª (1952)






ORELHA:


Ferenc Molnár, o famoso autor de Os Me­ninos da Rua Paulo, nasceu em Budapeste, a 12 de janeiro de 1878. Pertencendo a família de re­cursos, pôde dedicar sua juventude aos estudos. For­mou-se em Direito, em sua cidade natal, e foi ampliar seus conhecimentos em Genebra. Começou muito cedo sua carreira literária, mas sua primeira peça "A Caverna Azul" estava inçada de tantos defeitos, que só dez anos depois de sua elaboração, realizados os indispensáveis retoques, pôde ser levada à cena. Abraçando como profissão o jornalismo, realizou Molnár uma série de reportagens sobre o "bas-fond" de Budapeste. O conhecimento obrigatório dos bair­ros suspeitos, pejados de rufiões, cortesãs e delinquentes, sem dúvida o ajudou muito na arquitetura de sua obra-prima "Liliom". Sua peça "O Diabo" obteve-lhe de chofre o renome não só na Hungria, como em toda a Europa. Nessa peça, o famoso ator italiano Ermete Zacconi apresentou uma das suas mais notáveis caracterizações. Em 1909, com 31 anos, o teatrólogo de Budapeste exibe a sua obra-pri­ma "Liliom", a história de um rapaz boêmio, tipo de relevo nos meios da malandragem, que belo, auda­cioso e brutal, conquista com facilidade o coração das mulheres. Essa peça, graças à sua harmoniosa mescla de realismo e fantasia, conteúdo sentimental e sopro lírico, há mais de quarenta anos vem encan­tando todas as plateias do mundo. Foi transposta pelo menos, duas vezes para o cinema (tendo Charles Farrell e Charles Boyer como protagonistas), e trans­formada em opereta nos Estados Unidos (com o título de "Carroussel"). Ainda não há muito re­presentaram-na em São Paulo. Depois da primeira Grande Guerra, em que serviu como correspondente de um jornal, escreveu Molnár "O Cisne", que lhe granjeou a "Legião de Honra" da França. Sua co­média "O Oficial da Guarda" salientou-se como um dos principais êxitos dos grandes comediantes ame­ricanos Alfred Lunt e Lynn Fontanne. Solicitado por todos os países, Molnár via suas peças represen­tadas simultaneamente nas principais cidades da Europa. Fugindo dos nazistas, Molnár refugiou-se nos Estados Unidos. Ali faleceu há meses. 

Os Meninos da Rua Paulo, romance em que Francisco Molnár descreve a sua própria infância, impõem-se como um dos mais tocantes e belos tra­balhos do célebre escritor magiar. Segundo Horatio Smith, erudito norte-americano, esse romance, que vale como um hino às qualidades positivas da infância, “tem épicos atributos, e é simples e trágico e humano".




OUTRAS INFORMAÇÕES


O livro narra a história, na Budapeste de 1889, de um grupo de garotos (João Boka, Guereb, Tchonacoch, Ritchie e Ernesto Nemecsek) que formam a Sociedade do Betume, que tem por objetivo manter o betume (piche) sempre molhado e defender o grund, um terreno baldio da rua, que os garotos consideram seu quartel general. No grund, os garotos se reunem para conversar e jogar péla, um jogo que consistia em atirar uma bola (a péla) de um lado para o outro, com a mão ou com o auxílio de um instrumento (raquete, bastão, pandeiro), em local aparelhado para esse fim. Num outro bairro da cidade, existe um outro grupo de garotos, liderado por Chico Ats, que não possuem um terreno próprio. Por esse motivo, eles declaram "guerra" ao grupo de João Boka. Os dois grupos decidem que armas poderão ser usadas nessa terrível guerra: bombas de areia, lanças (que não poderia ser usadas para atingir o adversário, mas apenas para esgrima) e empurrões.

O livro foi traduzido e publicado em diversos países. Esses são alguns títulos que o livro recebeu em algumas de suas diversas traduções: The Paul Street Boys / No Greater Glory (Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Austrália), Os meninos da rua Paulo (Portugal), Les Garçons de la rue Paul / Les Gars de la rue Paul (França), Los muchachos de la calle Pál (Espanha, Argentina, México), Chlapci z Pavelské ilite (República Tcheca), Die Jungen von der Paulstraße (Alemanha), Pál-tänava poisid (Estônia), I ragazzi della via Pál / I ragazzi della via Paal (Itália), Chłopcy z Placu Broni (Polônia), Dečaci Pavlove ulice (Sérvia e Croácia), Pal Sokağı Çocukları (Turquia), Els nois del carrer de Pál (Andorra), Djemtë e rrugës Pal / Çunat e rruges Pal (Albânia), entre outros idiomas.

No Brasil, a primeira edição foi a da coleção Saraiva, publicada em 1952. A editora Saraiva voltaria a publicar o livro na coleção Jabuti, entre 1971 e 1973. O livro também foi publicado pela editora Tecnoprint/Edições de Ouro/Ediouro entre 1968 e 2003 em várias coleções: Clássicos de Bolso, Calouro, Elefante, Edijovem e Clássicos para o Jovem Leitor. A partir de 2005, o livro passou a ser publicado no Brasil pela editora Cosac Naify.

Escultura em Budapeste, de Szanyi Péter
Os meninos da rua Paulo é considerado o livro húngaro mais conhecido no mundo. Ele tem sido recomendado como leitura obrigatória em diversos países. Nos rankins e listas de heróis da literatura infanto-juvenil, Ernesto Nemecsek figura ao lado de outros personagens famosos como Oliver Twist e Tom Sawyer. Em Budapeste, existe uma escultura de bronze que representa uma cena do livro, criada pelo artista húngaro Szanyi Péter (1947-xxxx), em 2007.

Sobre o livro, o escritor Marçal Aquino escreveu: “Pistas para identificar um clássico: sua capacidade de atravessar épocas e fronteiras e, indiferente a modismos e tendências, permanecer encantando leitores de qualquer idade.” Também, a escritora Tatiana Belinky escreveu sobre esse clássico da literatura infanto-juvenil: "Os Meninos da Rua Paulo é um livro que fez parte da minha própria adolescência – e olhe que eu já completei 86 anos! Esta obra é um clássico na plena acepção do termo, e fez a alegria também dos meus filhos.”

O livro foi adaptado diversas vezes como peça teatral pelo mundo, inclusive no Brasil.

No cinema, o livro gerou quatro filmes: a primeira adaptação ocorreu na época do cinema mudo, em 1924, realizado pela própria Hungria (país de origem do escritor). Dirigido e roteirizado por Béla Balogh, "A Pál-utcai fiúk", trazia no elenco Gyuri Faragó (no papel de Nemecsek), Ernö Verebes (no papel de Boka), Ferenc Szécsi (no papel de Guereb) e István Barabás (no papel de Chico Ats). O filme seria relançado em 1929.

Em 1934, o cinema americano produziria o filme "Homens do amanhã" (No greater glory), com direção de Frank Borzage e roteiro de Jo Swerling [cena]. O elenco era formado por: George P. Breakston (Nemecsek), Jimmy Butler (Boka), Jackie Searl (Gereb), Frankie Darro (Feri Ats), Donald Haines (Csonakos), Rolf Ernest (Ferdie), Julius Molnar (Henry), Wesley Giraud (Kolnay), Beaudine Anderson (Csele), Ralph Morgan, Christian Rub e Lois Wilson. Em 1935, o filme ganhou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Festival de Veneza.

Uma terceira adaptação cinematográfica foi realizada em 1935 pelo cinema italiano, "I ragazzi della via Paal", dirigido por Alberto Mondadori e Mario Monicelli.

Uma parceria entre o cinema húngaro e o americano, produziria a quarta adaptação em 1969. "Esta rua é nossa" / “Os meninos da Rua Paulo” (A Pál utcai fiúk) foi dirigido por Zoltán Fábri, com roteiro adaptado por Endre Bohem e Zoltán Fábri [cena]. No elenco: Anthony Kemp (Nemecsek), William Burleigh (Boka), John Moulder-Brown (Gereb), Justine Holdaway (Feri Ats), Robert Efford (Csonakos), Mark Colleano (Csele), Gary O'Brien (Weisz), Martin Beaumont (Kolnay), Paul Bartleft (Barabás), Earl Younger (Leszik), György Vizi (Ritcher), Mari Töröcsik, Sándor Pécsi, László Kozák e Péter Delmár. O filme foi indicado ao Oscar, em 1969, de Melhor Filme Estrangeiro.

Além disso, o livro foi adaptado duas vezes como telefilme: em 2003 pela televisão italiana, "I ragazzi della via Pál", dirigido por Maurizio Zaccaro; e em 2005, pela televisão húngara, "A Pál utcai fiúk", dirigido por Ferenc Török.

capa do disco
Inspirado no livro, o grupo de rock brasileiro Ira! lançou em 1991 o álbum "Meninos da Rua Paulo" que continha as faixas "Rua Paulo" (ouça no Youtube) ea instrumental "Os meninos da rua Paulo" (ouça no Youtube). Segue abaixo a letra da música do Ira!, "Rua Paulo", composta por Edgard Scandurra:

É na rua Paulo que me sinto bem
Pois meus amigos estão la também
Já faz algum tempo que não sei como é que estão
Advogados, bêbados, dentistas, eu faço canção


Da esquerda para direita não consigo encontrar
Um lugar para residir um lugar para descansar
Sou menino da rua Paulo de um bairro em Budapeste
Sou menino de São Paulo lá da Vila Mariana


Andando nas ruas o sol me faz suar
E o som de maquinas e homens se misturam no ar
Então as coisas fluem e me deixo levar
Até o bar mais próximo as mágoas encharcar


Eu já sou um homem e estou na selva
E se arrumar encrencas, só minhas costas pesarão
Eu já sou um homem, mas mereço umas palmadas
Ó amor te, peço, só não batas na minha cara


Dance, dance, dance
Eu já sou um homem e estou na selva
E se arrumar encrencas, só minhas costas pesarão
Eu já sou um homem, mas mereço umas palmadas
Ó amor te, peço, só não batas na minha cara
Sou menino da rua Paulo de um bairro em Budapeste
Sou menino de São Paulo lá da Vila Mariana
Ou, ou. Eu já sou um homem
Ou, ou. Só minhas costas pesarão.

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